sábado, 20 de setembro de 2008

Flor de Maracujá


Exala de mim aroma amarelo
Essência silvestre roubada de um perigoso jardim
Envolto em flor e martelo
Inebria-me cheiro etéreo
Deixa-me também sair dessas fissuras
Enxerta-me com um pouco
De vosso amor e loucuras
Deixa-me auferir de ti
Intenso odor e sabor de amor
Marmóreo e cristalino,
Paradoxos da cor escarlate e púrpura
Malicia e espúria,
Exalam de sua espuma
Amoreando...
Amor à parte
A partir de um bom dia
Ócio e ossos do oficio
De pretendida à preterida
Oco ovo, ovo ocO
Onomautopia de minha vida.
(Mamafrei)

domingo, 14 de setembro de 2008

Desa(r)mada

Fui desa(l)mada
No acontecer de
Uma madrugada
repentina
nublada
roubada
expelida
Assim como o aroma de uma flor em plena enxurrada
Fui deixada à margem da esquina da vida
À avenida das lamentações
Lampejos e discussões
Choro por dentro
Implodo
Morro

(Mamafrei)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tentarão

Sempre tentarão
Dizer o indizível
Respeitar o indigno
Crer só no que é crível.

Sempre tentarão
Pôr cabrestos em minha visão
Freios em minha língua
Velocidade em minha lentidão.

Sempre tentarão
Curpir-me nos ouvidos
Pintar-me além do umbigo
Ceiar-me os inimigos.

Só tentarão...

(Mamafrei)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Hesitações

Artista plástico: Naldinho Moura

Ao entrar no labirinto do saber
Vi tua imagem refletida
E a mesma viu a minha
Fingimos não nos (re)conhecer...

No automóvel da vida,
Vi teus pés se emparelharem aos meus
Fazendo um V
Quase os senti
Menti pra mim
Senti-os nos meus.

Restou-me apenas o breve tocar de tua
Pequena e suave contramão
Quente, tímida,
Perigosa, nua...
Quase não a entregaste.
Onde estará a “sede” do amor
Que me negas com a mão tua?

(Mamafrei)

FONTE

Possuo um amor insólito
T
O
R
T

O
D S G T D
E A E I A O
C O D I F I C A D O
FONTIFICADO
Que vive esmolando gratidão
Ele às vezes é chato
Carente, coitado
Padece de solidão
Desistir foi seu único ato falho
Provocando-me vermelha rouquidão

(Mamafrei)

domingo, 7 de setembro de 2008

Selvageria

Selvagem,
Selvagem ria...
Ria da sua própria cavalgadura...
con(sumindo) tempo,
Espaço,
Estradas.
Desfilando sobre suas próprias arma(d)ilhas.
Corre,
Corre... cavalga.
Cava alguma coisa que te enlaça.
(Mamafrei)


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mulher ao espelho

Não.
Não quero mais que me olhes
Com esses olhos refr(atores)
Despudores
Devoradores
Cheios de dores.
De hoje em diante
Dar-te-ei as costas
Simplesmente assim
E permanecerei
Deste jeito
Indiferente
Impávida
Colossal.
Não mais terei rosto
Para que não me reconheças mal
(Mamafrei)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Lapidação

Artista plástico : Ricardo

O amor conseguiu arranhar-me
o que tenho de mais duro
e ao mesmo tempo maleável,
minh´alma.
Ele é um diamante
que corta fino e devagarinho,
profundo...
Ele não tem pressa.
É capaz de friccionar num mesmo lugar
até que a eternidade
venha e tome seu finito lugar.
Por isso o diluo dentro de mim
e o dou para você beber,
embriaguemos deste cristal
altamente duro
que amolece a mim e a você.
(Mamfrei)


La bouche


Cicatrizes
Marcas visíveis
Vivendo uma vida em palcos
De dores
Dissabores,
Frios e arrepios
Rios transbordando de amores.
Atrizes de um ato falho,
Retardatário,
Mergulhadas em sabores de uma Boca,
Principio do verbo pro(ferido)
nítido
Sopro de vida rendido
Fruta amadurecida com gosto doce e maciez do amor
(Mamafrei)

À poesia

Sede meu entalo
Meu goto
Meu engasgo
Meu sufoco

Sede horas a fio
Dez a fio...
Ser a enganar minha solidão.

Sede melodia
Melodrama
Motivo de minha
Melancolia
Que derrama
E clama...
Apenas por um bom dia.

Sede angústia
A embrulhar meus
Desencontros

Sede descontrole
A descompassar
Meus enganos

Reviravolta em
Minh´alma
A se fragmentar...

(Mamafrei)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O nome da Rosa

Quadro de Naldinho Moura

NEGA, NINA, NINOCA.
De que nome deverei chamá-la Eu
Narizinho, Mama, Índia,
Roberta, Renata, Valéria...
Mamafrei no balanço dos meus eus.
Manuela, Márcia, Pedrita!
Pedra bruta, Rosa rochosa
Vênus!
Eu donna dos meus eus.

(Mamafrei)


Calabouços




Ontem foram os lábios
Hoje, os olhos.
Não sou Capitu
A ressacar, tragar o teu olhar
Mas alguém os capitou
Capiturou meu seio, meu cerne,
Recapitulou meu ser
Ousou falar mais do que pretendia penetrar
Mais do pretendia me acomodar e adormecer...
(Mamafrei)

Outdoor

Se tu me amas, grites bem alto
Até onde eu não possa mais te ouvir
Grites do alto de uma montanha
Ou do último andar de um arranha-céu.
Inquietes a todos, até mesmos os inocentes passarinhos
Que engenhosamente fazem seus ninhos
Mas grites, grites somente para mim!
Se me queres, se amas só a mim....
Tens de ser urgente, meu querido
Que o tempo urge, e a vida mais ainda.
(Mamafrei)

Todos os meus ismos

Quadro de Naldinho Moura

O bebo todas os dias
O aspiro todas as manhãs
O trago todas as tardes
O injeto igual bicho na maçã

Embriago-me, entorpeço.
Alucino-me, enlouqueço.
Vivo! Esqueço!
Morro! Adormeço!
Iludo-me, me converto.
Eis me aqui pelo avesso!

(Mamafrei)