quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rasante

Voo sobre a epiderme do infinito

e plano na imensidão negra

do arco
de sua íris.

[Mamafrei]

Navegos



Agarro-me às raízes do teu veleiro

E lá, me dedico

de corpo inteiro

a navegar contigo

por entre uma onda e outra

dos teus cabelos
[Mamafrei]

domingo, 2 de agosto de 2009

Regressões

Hoje Falo
amanhã Calo
e depois?
Saliência sentida...
[Mamafrei]

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ah...se ele soubesse!



Aquele cara ainda não sabe
mas há muito somos amigos
Vivemos de alôs e olás...
a nos aguçar apenas com um dos sentidos

Aquele cara ainda não sabe
mas há muito somos comprometidos
com o amor e com a amizade
dando à vida mais um belo sorriso

Aquele cara ainda não sabe
mas há muito somos pretendentes
Passamos um pelo outro
e nos inchamos igual sementes

Aquele cara ainda não sabe
mas há muito somos namorados
Já trocamos juras de amor
e a felicidade em nós já faz sua morada

Aquele cara ainda não sabe
mas um dia haveremos de ficar noivos
e que tudo que fizermos terá sempre
sabor de novidade, de novo...

Aquele cara ainda não sabe
mas um dia haveremos de nos casar
Cuidaremos um do outro
como duas rolinhas no ninho a se aninhar

Aquele cara ainda não sabe
mas um dia haveremos de ter filhos
e todos os nossos dias serão abençoados
porque, a partir de agora, seremos mais unidos

Aquele cara ainda não sabe
mas um dia haveremos de envelhecer juntinhos
Trocaremos ainda tantos carinhos...
que serão estrelas a trilhar sempre nossos caminhos.


[Mamafrei]

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Das imperfeições II

Hei de assumir todas as minhas culpas e falhas
Meus destemperos
meus lampejos
meus gritos em forma de armas.

Hei de reassumir minhas fraquezas
Minha não verticalidade
minha fúria não estagnada
minha língua veloz e afiada

Hei de assumir todas as minhas eloqüências
Meus erros e demências
meus negros sóis
meus atos falhos em seqüência

Hei de reassumir minhas franquezas
Minhas ácidas palavras
minha visão cortante e certeira
minha voz aguda e magoada

Hei de assumir e reassumir
todos os meus deslizes
tudo o que disse e redisse
com minha voz alta e alterada

Hei de pedir e repedir perdão
desculpas e compreensão
pois sou humana, não sou mar
mas vivo em constante oscilação.

[Mamafrei]

domingo, 31 de maio de 2009

Surrealismo

papeldeparede.fotosdahora.com.br

Exsudo
cada gota de amor
que sai de mim
como uma flor
quando resolve
desabrochar
de um vulcão jardim

Exsudo
Minhas frustrações
e elegantes retalias
Meus ais de decepções
e ilusórias ventanias
que acometem
minh´alma
de noite e de dia
por culpa de uma solidão baldia

Exsudo
O tempo e a hora
aorta do meu coração
Raiz que pulsa
e expulsa
minha teimosia,
efêmera alienação

Exsudo
O desuso dos meus beijos,
o afago feito lampejo,
o abraço que enlaça,
o raio que corta
meu sutil desespero

Exsudo
O que a mim pertence
e que a mim retiram
O que é de mim direito
e que a mim desviam
feito sangue e leite
de uma cacimba

Exsudo
O amor não dado
O “Eu te amo” não vivido
O vim pra ficar e não fico
O nós não correspondido.

[Mamafrei]


domingo, 8 de março de 2009

Das Imperfeições



Hoje resolvi assumir todas as minhas imperfeições.
Resolvi assumir minhas cicatrizes, meus sinais,
minhas fragilidades e fatídicas ilusões;

Resolvi assumir minhas crises de rinite,
minhas cólicas menstruais.
Resolvi assumir também minhas celulites,
estrias, vasinhos e artrites
meus solitários ais.

Resolvi assumir meu tamanho G,
minha sobrancelha direita
ligeiramente indisciplinada;
meu perfil rechonchudo,
minha boca de peixe
meu pé esquelético
e ás vezes,
minha barriga inchada.

Resolvi assumir meus pneusinhos,
dobras e saliências;
meu longo e ondulado cabelo sem jeito
que incomoda tanta gente sem jeito
gente destemperada
gente ainda em construção
que faz de mim estrangeira
em meu próprio cativeiro,
morada e nação.

Resolvi assumir minha miopia
meus óculos de garrafão
Resolvi assumir tudo que a mim pertence
e que se não fosse meu
se não fossem minhas
estas lindas imperfeições
aqui não falaria um humano
em contínua evolução.

Resolvi por fim
assumir todas as minhas “imperfeições”,
todas as minhas assimetrias
minhas pálidas emoções
meu nariz arrebitado
meus outros eus em ebulição.

(Mamafrei)

sábado, 7 de março de 2009

Intrusa


Lua,
Teus olhos blefam com a vida
Soletram mortalha invertida
E espalham a cor da Intrusão.
Intrusa
intrometida
Sol da minha noite
Reflexos de minha vida
Esperança poética ardida
a provocar minha rouquidão
Ai no alto
Encontra-se
O mapa de minha mina;
Encruzilhadas,
Sinuosas armadilhas
Frutos doces de minha invenção...
(Mamafrei)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Dez pedidas



Você disse meu nome
com quem diz um triste adeus
Ficamos parados no tempo:
quem de nós primeiro morreu?
(Mamafrei)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Passagem



Por esta janela
Que ser sol haverá de entrar
E macular o ser no meu eu
Que está a vagar?

Em cada fresta dela
Um raio de luz
Haverá de entrar
E preencherá
O que em ti resta
Um eu a sondar

Quem,
Quem então
Estará à janela
A ver o cortejo dos ventos
Uivantes a rondar?

Cá,
Os sonhos fogem por ela
Lá,
O intransponível a cerca
Cá,
A escuridão da agonia
Lá,
Veredas e árvore da vida

Menino destino
Aqui ou acolá
Ele ainda haverá de me encontrar.

Vês o manto verde da terra
Além da janela
A se confundir com o verde do mar?
Lá há folhas verdes e flores amarelas
O musgo invadindo
Meu eu aqui a se acomodar.

Tem cheiro de vidas passadas
Almas sofridas
Corpo e mente a se reencontrar

Aroma de uma fatídica vida
Presente e passado
A coexistir em um mesmo lugar

Futuro inserto em um tempo ferido
À lâmina d´aurora docemente
Pela janela a passar sorrindo...
(Mamafrei)


domingo, 4 de janeiro de 2009

Ser do Mar



Ò poderoso deus do mar,
o que será que esse ser
mais uma vez está a ocultar?

De quem será esse enigmático ato
dúbia donzela...
que se abre e se fecha
Como uma suave cancela?

Que vela sua face
e a revela somente ao mar
Que emoldura seu destino
fazendo de sua janela,
porta aberta para o mar?

É a “Mulher ao espelho”
Dantes poetizada
E agora mais uma vez
Utiliza os cabelos
Como escudo de sua morada

Teu olhar distante
se funde com o horizonte
e nele insiste em se perder

O céu nubla seus pensamentos
e cai como chuva sobre suas costas
o véu do anoitecer

O que há nas encostas
das suas costas nuas?
Por que tantos véus
pra velarem os olhos da lua?

Mesmo de olhos vendados
Ela capta seu ser...
Cinza, azul e castanho
Há de ser o que ele parece ser.

Mamafrei