CARTA
ABERTA A TODOS(AS) QUE CONQUISTARAM O DIREITO AO VOTO
Currais
Novos, 12 de novembro de 2020
Saudações
a todos (as) que conquistaram o direito ao voto!
Sou
uma mulher, brasileira, nordestina, seridoense e curraisnovense que, neste
exato momento, pede, de maneira humilde e esperançosa, um olhar um pouco mais
atento à digna ação de votar de toda e qualquer pessoa apta a realizar tal
gesto de cidadania, compromisso e responsabilidade social.
Falo
aqui como uma simples leiga no assunto e me ponho nas mesmas condições de
qualquer pessoa que, de quatro em quatro anos ou de dois em dois anos, se vê na
“obrigação” de sair de casa e dar o voto de confiança a alguém, sob os ditames
da lei, que se disponibiliza a me representar, a representar meus direitos e,
por que não também, meus deveres diante da sociedade em que estou inserida?
Parece-me
sempre que, o momento pelo qual estamos passando é sempre o mais decisivo. Em
verdade o é. Se pensarmos bem, todo presente momento é único e, por isso,
significativo e importantíssimo para nós. Daí a necessidade de realizarmos
escolhas conscientes e firmes, pensando sempre no agora, em vistas para um
futuro próximo, bem próximo.
E
é, neste exato momento, que convido a todos a refletirem sobre suas, sobre
nossas escolhas. Sim, porque apesar da minha escolha parecer uma escolha
individual e singular, ela irá refletir de forma coletiva plural. Afinal, não
estou isolada do vasto mundo que me rodeia. Sou um ser sociável, vivo em
sociedade e, por isso, tudo que faço ou deixo de fazer reflete no outro, por
mais distante que ele me pareça ser.
Devo
confessar e ser honesta neste momento. Nunca fui de acompanhar e muito menos
que pesquisar, procurar saber a fundo quem era e quais eram as obras já
realizadas ou a pretensão de realização de obras futuras daqueles que se diziam
ou se candidataram a representante de meus direitos. Sou tão leiga e isso me
entristece, chega a me envergonhar tal falha e, reconhecendo tal lacuna no que
diz respeito à minha contribuição cidadã, reconheço que isso me deixa numa
situação de desvantagem, pois, se não procuro saber nada a respeito do cenário político,
a começar, da minha cidade, que dirá do meu Estado e do Brasil como todo, como surgirá
em mim o instinto de reflexão, o ensejo de dúvida e de questionamento e, por
conseguinte, o direito de me queixar e
de reclamar algo que , por ventura necessite ser apontado e reparado?
Portanto,
não deixem para fiscalizar ou exigir que se cumpram deveres e obrigações
daqueles que estão ou são responsáveis por gerir a coisa pública apenas de
quatro em quatro anos ou de dois em dois anos e, equivocadamente apenas, no instante
da votação. Precisamos andar, a todo o momento, de olhos bem abertos,
questionando e procurando saber o que eles estão fazendo ou farão a respeito de
nossos interesses, do interesse coletivo. É preciso, também, colocar a mão na
massa e procurar saber, a começar pela minha rua, pelo meu bairro, quais são as
suas principais necessidades e desta maneira, sugerir projetos de leis e
acompanhar tais sugestões e/ou solicitações durante as sessões nas câmaras de
vereadores.
Ao
fazer isso, estaremos conscientes de que a nossa parte estará sendo feita e,
desta maneira, teremos respaldo para averiguar e reclamar caso a parte deles,
dos nossos representantes legais, não esteja sendo feita.
Anote
seus planos de governo, crie uma espécie de dossiê, de portfólio, ou de scrapbook
com todas as informações (santinhos, panfletos, lista de propostas e promessas
de aspirantes a vereadores, prefeitos, deputados, senadores e presidentes). E
não se contente apenas com isso, pois isso será apenas uma espécie de material,
de ferramenta que você poderá, enquanto contribuinte da sua cidade, acompanhar
a gestão de cada candidato e usar como argumento para algo que eles
descumprirem ou deixarem de cumprir, conforme foi prometido em campanhas
eleitorais e durante o seu possível exercício de função, depois de eleito.
Portanto,
caríssimos e caríssimas, votem. Façam valer esse direito que, primeiramente foi
dado a poucos. Hoje ele é dado a todos e poucos fazem valer a importância que
ele tem. Não se omitam, nem sejam neutros. Sejam firmes e conscientes em suas
escolhas e lembrem-se sempre: minha escolha reflete em consequências não apenas
para mim, mas para todo o resto. Porque, de fato, “The other I am” (Eu sou o
outro) – Walt Whitman.
Abraço afetuoso a todos
e todas que farão valer, neste próximo domingo, o direito ao voto e o exercício
da democracia.
Professora e poeta/isa Maria Marcela Freire
Graduada em Letras – Língua Portuguesa/ Inglesa e
suas respectivas Literaturas (UFRN)
Pós-graduada Especialista em: Literatura e Ensino
(IFRN) e História e Cultura Africana e Afro-brasileira (UFRN)
https://apoesc.blogspot.com/2020/11/carta-aberta-todosas-que-conquistaram-o.html