quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Texto que escrevi em 31/12/2020 paravo Blog da APOESC

Ano Novo, roupa nova?

Maria Marcela Freire

Há, ainda neste 31 de dezembro de 2020, um frenesi nas lojas de todo o Brasil. Pessoas com incumbências pessoais ou ditames sociais à procura de algo especial para ornamentar simbolicamente seu corpo, ordinário corpo, na virada de ano, logo mais à meia-noite.

A exemplo da véspera do natal, elas saem de suas casas com o  compromisso de se satisfazerem ou satisfazerem a alguém comprando algo que, tradicionalmente, se veem “obrigadas”a fazerem, talvez para se sentirem bem consigo mesmas. 

No natal, algumas mesas fartas. Sobremesa, rabanada; no Ano Novo, talvez, nas mesmas mesas fartas, faltará alguém ou alguma coisa que este ano não possibilitou ter ou acontecer. Desta forma, restando apenas a uma roupa nova, estrategicamente pensada numa cor específica, fomentar a esperança de desejos não sublimados que possam vir acontecer no novo ano que está prestes a iniciar.

Que a roupa nova ou não que iremos vestir nesta entrada de ano novo seja uma nova roupa para as nossas pobres almas carentes de atenção, ouvidoria e cuidado, desprovidas de uma endumentária que nos acolha e nos dê o status de humanos que, há tempos, estamos a perder.

 


domingo, 27 de dezembro de 2020

Da arte de escrever

 

DA ARTE DE ESCREVER

Maria Marcela Freire

 

Escrever, assim como ler, é ato solitário. Entretanto, por vezes, assim como podemos compartilhar leituras e torna-las um ato coletivo, colaborativo, de comunhão, também podemos fazer da escrita, exercício íntimo compartilhável, desde que exista, em cena, outro leitor além de mim, mero escrevente de entidades plurais que constituem o meu eu interior.

Escrever dói. Ler o outro também dói porque nunca sabemos, de fato, a quem iremos atingir em cheio, feito flecha no alvo, a partir das nossas escritas, quer sejam elas poéticas ou não.

Sendo assim, escrever é um tiro no escuro; flecha lançada no alvo das subjetividades humanas; ato repleto de intenções, mesmo que no subsolo de nossos pensamentos mais obscuros. O alvo, o coração e a mente humana, simbolizados assim em emoção e razão respectivamente. Ele (o alvo), muitas vezes, pode parecer estanque, estático, mas é mutável de acordo com a recepção e percepção do leitor em vários tempos, ao longo da história, e momentos/instantes da sua vida. Neste sentido, escrever é consagrar o instante.

Escrever é sinônimo de liberdade e de libertação. É puro ato de rebeldia, resistência e honestidade com os seus próprios pensamentos e sentimentos. Afinal, se escreve por quê? Para quê? Para quem?  Para um outro ou para mim mesmo?

Escreve-se para um eu inevitavelmente coletivo; para falar por si mesmo, ressoando no outro;

Escreve-se para aliviar nossas inquietações, nossas angústias, nossas dúvidas, nossas impressões e imprecisões do mundo, do outro e de nós mesmos;

Escreve-se para exercitar a nossa humanidade e nossas experimentações;

Escreve-se por identificação com ser humano, com a natureza e os animais;

Escreve-se para imprimir nossa identidade, deixar a nossa marca registrada no mundo, de maneira geral, ou no mundo particular de alguém;

Escreve-se, portanto, para nos salvar de nós mesmos!

Poema pandêmico III


 

Carta ao Literarte


 

Poema pandêmico II

 


Carta à Zila Mamede

 


Homenagem a Diógenes da Cunha Lima em 29/10/2020


 

Poema pandêmico I

 


Currais Novos Bonita


"CURRAIS NOVOS BONITA - Uma homenagem do Casarão de Poesia ao centenário de Currais Novos. 

É o resultado de um projeto aprovado junto ao FIA (Fundo para a Infância e Adolescência), com o apoio do CMDCA e da Prefeitura Municipal de Currais Novos. 

Além de alguns artistas da cidade, o vídeo conta com a valiosa participação de 13 crianças, adolescentes e jovens, através do apoio das escolas municipais Gilson Firmino, Salustiano Medeiros e Cipriano Lopes Galvão. 

O projeto valoriza o protagonismo dos alunos participantes: com o apoio pedagógico da poeta Maria Marcela Freire, eles mesmos pensaram e gravaram sua participação, buscando uma identidade artística e valorizando seu território. 

O cordel foi escrito por Iara Carvalho e tentou priorizar aspectos da história e da cultura, diferentes daquilo que é mais evidenciado na historiografia tradicional, focando na DIVERSIDADE que é marca de nosso povo".

Texto que escrevi em 24/12/2020 para o Blog da APOESC

Do direito à uva-passa e a outras coisas mais

Maria Marcela Freire 

 

Dezembro de 2020. As pessoas, entre tantas outras coisas, se ocupam, diante de uma pandemia mundial, em fazerem memes desdenhosos acerca da inocente e inculpavel uva-passa. Além de ridicularizarem o valioso significado da versão brasilera da música: "So this is christmas"(Então é  natal). 

Como se não bastasse, hoje, véspera de natal, elas resolveram limitar os filmes com esta temática na sessão da tarde, com medo de correrem o risco de serem acometidos pela temível  pieguice natalina crônica. 

Pois bem. Meu sobrinho de três anos tem sido poesia nesta vida tao ainda severinha pelo fato de ainda, talvez, nao ter sido infectado pelo vírus do desdém cotidiano. Para ele, tudo ainda soa como novidade e, por isso, dou-lhe o direito de não gostar de uva-passa , de não saber ou querer cantar " Então  é  natal " e/ou até  mesmo de parar um instante para assistir a filmes de natal. 

Vez em quando ele, em seus ricos  processos imaginativos, me chama de " pofessora" e finge ser meu minúsculo quarto, uma sala escolar. Quando aceito o título Honório e o incluo na estória confabulada, ele diz inocentemente: nao sou aluno, sou Mateus Henrique! 

Ele está certo. Aluno, etimologicamente falando diz-se ser alguém sem luz e esta, Mateus tem de sobra. 

Percebi ontem que, assim como eu, Mateus tem certo apreço por janelas. Quis que eu retirasse uma que estava do canto da parede, pronta para ser posta numa casa nova, só para que ele a observasse a exemplo do que ele faz com qualquer coisa que, para ele ainda é desconhecida. 

Há poucas horas do natal, Mateus me fez ficar revoltada. Quero sim o direito à gostar de uva-passa, de cantarolar, sem me sentir ridícula " Então é  natal"  e de assistir a filmes natalinos piegas durante o mês natalino e até mesmo poder estende-los a outros períodos do ano, sim! 

Mateus ainda não sabe, se eu tivesse a capacidade de fazê-lo entender ainda agora...que quando a gente cresce, fica chato pra danado! A rotina cai sobre nossos olhos como uma espécie de venda e sobre nossos ouvidos, em formato de fones que só nos fazem ouvir a mesma música e bem baixa. Além disso, nos amordaçamos (in)voluntariamente  e deixamos de dizer/externar principalmente aquilo que (não) nos agrada.

 

https://apoesc.blogspot.com/2020/12/do-direito-uva-passa-e-outras-coisas.html


Texto que escrevi em 12/11/2020 para o Blog da APOESC


 

CARTA ABERTA A TODOS(AS) QUE CONQUISTARAM O DIREITO AO VOTO

Currais Novos, 12 de novembro de 2020

 

Saudações a todos (as) que conquistaram o direito ao voto!

 

Sou uma mulher, brasileira, nordestina, seridoense e curraisnovense que, neste exato momento, pede, de maneira humilde e esperançosa, um olhar um pouco mais atento à digna ação de votar de toda e qualquer pessoa apta a realizar tal gesto de cidadania, compromisso e responsabilidade social.

Falo aqui como uma simples leiga no assunto e me ponho nas mesmas condições de qualquer pessoa que, de quatro em quatro anos ou de dois em dois anos, se vê na “obrigação” de sair de casa e dar o voto de confiança a alguém, sob os ditames da lei, que se disponibiliza a me representar, a representar meus direitos e, por que não também, meus deveres diante da sociedade em que estou inserida?

Parece-me sempre que, o momento pelo qual estamos passando é sempre o mais decisivo. Em verdade o é. Se pensarmos bem, todo presente momento é único e, por isso, significativo e importantíssimo para nós. Daí a necessidade de realizarmos escolhas conscientes e firmes, pensando sempre no agora, em vistas para um futuro próximo, bem próximo.

E é, neste exato momento, que convido a todos a refletirem sobre suas, sobre nossas escolhas. Sim, porque apesar da minha escolha parecer uma escolha individual e singular, ela irá refletir de forma coletiva plural. Afinal, não estou isolada do vasto mundo que me rodeia. Sou um ser sociável, vivo em sociedade e, por isso, tudo que faço ou deixo de fazer reflete no outro, por mais distante que ele me pareça ser.

Devo confessar e ser honesta neste momento. Nunca fui de acompanhar e muito menos que pesquisar, procurar saber a fundo quem era e quais eram as obras já realizadas ou a pretensão de realização de obras futuras daqueles que se diziam ou se candidataram a representante de meus direitos. Sou tão leiga e isso me entristece, chega a me envergonhar tal falha e, reconhecendo tal lacuna no que diz respeito à minha contribuição cidadã, reconheço que isso me deixa numa situação de desvantagem, pois, se não procuro saber nada a respeito do cenário político, a começar, da minha cidade, que dirá do meu Estado e do Brasil como todo, como surgirá em mim o instinto de reflexão, o ensejo de dúvida e de questionamento e, por conseguinte, o direito de me  queixar e de reclamar algo que , por ventura necessite ser apontado e reparado?

Portanto, não deixem para fiscalizar ou exigir que se cumpram deveres e obrigações daqueles que estão ou são responsáveis por gerir a coisa pública apenas de quatro em quatro anos ou de dois em dois anos e, equivocadamente apenas, no instante da votação. Precisamos andar, a todo o momento, de olhos bem abertos, questionando e procurando saber o que eles estão fazendo ou farão a respeito de nossos interesses, do interesse coletivo. É preciso, também, colocar a mão na massa e procurar saber, a começar pela minha rua, pelo meu bairro, quais são as suas principais necessidades e desta maneira, sugerir projetos de leis e acompanhar tais sugestões e/ou solicitações durante as sessões nas câmaras de vereadores.

Ao fazer isso, estaremos conscientes de que a nossa parte estará sendo feita e, desta maneira, teremos respaldo para averiguar e reclamar caso a parte deles, dos nossos representantes legais, não esteja sendo feita.

Anote seus planos de governo, crie uma espécie de dossiê, de portfólio, ou de scrapbook com todas as informações (santinhos, panfletos, lista de propostas e promessas de aspirantes a vereadores, prefeitos, deputados, senadores e presidentes). E não se contente apenas com isso, pois isso será apenas uma espécie de material, de ferramenta que você poderá, enquanto contribuinte da sua cidade, acompanhar a gestão de cada candidato e usar como argumento para algo que eles descumprirem ou deixarem de cumprir, conforme foi prometido em campanhas eleitorais e durante o seu possível exercício de função, depois de eleito.

Portanto, caríssimos e caríssimas, votem. Façam valer esse direito que, primeiramente foi dado a poucos. Hoje ele é dado a todos e poucos fazem valer a importância que ele tem. Não se omitam, nem sejam neutros. Sejam firmes e conscientes em suas escolhas e lembrem-se sempre: minha escolha reflete em consequências não apenas para mim, mas para todo o resto. Porque, de fato, “The other I am” (Eu sou o outro) – Walt Whitman.

 

Abraço afetuoso a todos e todas que farão valer, neste próximo domingo, o direito ao voto e o exercício da democracia.

Professora e poeta/isa Maria Marcela Freire

Graduada em Letras – Língua Portuguesa/ Inglesa e suas respectivas Literaturas (UFRN)

Pós-graduada Especialista em: Literatura e Ensino (IFRN) e História e Cultura Africana e Afro-brasileira (UFRN)

 https://apoesc.blogspot.com/2020/11/carta-aberta-todosas-que-conquistaram-o.html


Poesia em Flor de Cactus

 Bate-papo com o Sebo Letra Nativa no último domingo, dia 20/12/2020. Poesia Potiguar em pauta e em alta.

https://www.instagram.com/p/CJCcR5cj1Sp/?igshid=18yndzx0611y&fbclid=IwAR05VgWwglpKCefquTqfevpBZmfcuxHRZA4OO3wgVqJjPw19Hm7j7iMV9GM






Reconhecimento poético VII

 Substantivo Plural em poesia!

http://substantivoplural.com.br/a-poesia-viva-do-serido/