Por esta janela
Que ser sol haverá de entrar
E macular o ser no meu eu
Que está a vagar?
Em cada fresta dela
Um raio de luz
Haverá de entrar
E preencherá
O que em ti resta
Um eu a sondar
Quem,
Quem então
Estará à janela
A ver o cortejo dos ventos
Uivantes a rondar?
Cá,
Os sonhos fogem por ela
Lá,
O intransponível a cerca
Cá,
A escuridão da agonia
Lá,
Veredas e árvore da vida
Menino destino
Aqui ou acolá
Ele ainda haverá de me encontrar.
Vês o manto verde da terra
Além da janela
A se confundir com o verde do mar?
Lá há folhas verdes e flores amarelas
O musgo invadindo
Meu eu aqui a se acomodar.
Tem cheiro de vidas passadas
Almas sofridas
Corpo e mente a se reencontrar
Aroma de uma fatídica vida
Presente e passado
A coexistir em um mesmo lugar
Futuro inserto em um tempo ferido
À lâmina d´aurora docemente
Pela janela a passar sorrindo...
(Mamafrei)