quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Passagem



Por esta janela
Que ser sol haverá de entrar
E macular o ser no meu eu
Que está a vagar?

Em cada fresta dela
Um raio de luz
Haverá de entrar
E preencherá
O que em ti resta
Um eu a sondar

Quem,
Quem então
Estará à janela
A ver o cortejo dos ventos
Uivantes a rondar?

Cá,
Os sonhos fogem por ela
Lá,
O intransponível a cerca
Cá,
A escuridão da agonia
Lá,
Veredas e árvore da vida

Menino destino
Aqui ou acolá
Ele ainda haverá de me encontrar.

Vês o manto verde da terra
Além da janela
A se confundir com o verde do mar?
Lá há folhas verdes e flores amarelas
O musgo invadindo
Meu eu aqui a se acomodar.

Tem cheiro de vidas passadas
Almas sofridas
Corpo e mente a se reencontrar

Aroma de uma fatídica vida
Presente e passado
A coexistir em um mesmo lugar

Futuro inserto em um tempo ferido
À lâmina d´aurora docemente
Pela janela a passar sorrindo...
(Mamafrei)


2 comentários:

Fabiana disse...

Mama,
é forte e intenso.
diria lindo mas não quero me repetir.

Oliver Pickwick disse...

Inventou a engenharia poética. Versos intrincados, verdadeiro jogo de palavras. As palavras e as letras gostam de você.
Um beijo!