quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Passagem



Por esta janela
Que ser sol haverá de entrar
E macular o ser no meu eu
Que está a vagar?

Em cada fresta dela
Um raio de luz
Haverá de entrar
E preencherá
O que em ti resta
Um eu a sondar

Quem,
Quem então
Estará à janela
A ver o cortejo dos ventos
Uivantes a rondar?

Cá,
Os sonhos fogem por ela
Lá,
O intransponível a cerca
Cá,
A escuridão da agonia
Lá,
Veredas e árvore da vida

Menino destino
Aqui ou acolá
Ele ainda haverá de me encontrar.

Vês o manto verde da terra
Além da janela
A se confundir com o verde do mar?
Lá há folhas verdes e flores amarelas
O musgo invadindo
Meu eu aqui a se acomodar.

Tem cheiro de vidas passadas
Almas sofridas
Corpo e mente a se reencontrar

Aroma de uma fatídica vida
Presente e passado
A coexistir em um mesmo lugar

Futuro inserto em um tempo ferido
À lâmina d´aurora docemente
Pela janela a passar sorrindo...
(Mamafrei)


domingo, 4 de janeiro de 2009

Ser do Mar



Ò poderoso deus do mar,
o que será que esse ser
mais uma vez está a ocultar?

De quem será esse enigmático ato
dúbia donzela...
que se abre e se fecha
Como uma suave cancela?

Que vela sua face
e a revela somente ao mar
Que emoldura seu destino
fazendo de sua janela,
porta aberta para o mar?

É a “Mulher ao espelho”
Dantes poetizada
E agora mais uma vez
Utiliza os cabelos
Como escudo de sua morada

Teu olhar distante
se funde com o horizonte
e nele insiste em se perder

O céu nubla seus pensamentos
e cai como chuva sobre suas costas
o véu do anoitecer

O que há nas encostas
das suas costas nuas?
Por que tantos véus
pra velarem os olhos da lua?

Mesmo de olhos vendados
Ela capta seu ser...
Cinza, azul e castanho
Há de ser o que ele parece ser.

Mamafrei